junho 08, 2012
Espelhos
Subordinado na
escopia temerosa de errar
A escolha estereotipa
meu gesto e meu olhar
Meu encanto envelhece
na profecia do amor
O reflexo oculto em olhos,
o mistério da dor.
Submissa
representação de fiel narcisismo
A sombra da vaidade
aliada ao egoísmo
O culto do “eu”
conduzido em perversão
A beleza nos espelhos
a favor da ocasião.
A gentileza que seduz
e nos torna simetria
De um lado poeta, no
verso da idolatria
Nas manhãs de inverno
o calor libidinal
O enlace dos gêneros,
do bem e do mal.
O prazer indiscutível
dos lábios acariciados
No júbilo das
provocações, atos assediados
A luxúria despida à
sociedade do delírio
Serei desfigurado em
praça do martírio
A Imagem transferida
não resiste aos cacos
Esfacelado destino
que me junta aos fracos
Culpo-me pelo ego da
transposição científica
Da autoria dos versos
em obra que mumifica
Protagonista das
ilusões em retratos perdidos
Experiências vividas
em diários adoecidos
O viço da mocidade
carecido dos espelhos
Desisti de julgar e
proferir falsos conselhos
No inverso da
futilidade importunei semblantes
Do mito faustiano os
personagens tão amantes
Os pecados cometidos
codificados para a velhice
Um homem de defeitos
amado por canalhices
Ignóbil história de
juventude traduzida em fardos
Do projeto exuberante
em trechos arquitetados
Da corrupção de minha
alma fui pura aparência
Na indecência da
existência ignorei a essência
A imoralidade dos
sonhos de conteúdo pulsional
As regras esquecidas
para viver em belo passional
Funeral dos anos
dourados, de traços enrugados
A morte nos espelhos,
o fim dos meus pecados.
Winderson Marques