TRON - O Legado

A continuação do filme de 1982 que se tornou um ícone da cultura nerd tem feito barulho desde a Comic Con de 2009. No evento, foi passado um vídeo relativamente simples, que nem faz parte do filme, apenas para mostrar o quanto a evolução tecnológica e o domínio de efeitos especiais que se tem hoje em dia podiam dar à clássica ficção científica a força necessária para encantar o público exigente de hoje. Se os efeitos gráficos de “Tron” (revolucionários para a época) são considerados bobos hoje em dia, os de “Tron: O Legado” levaram a platéia do painel do filme na convenção ao delírio.

E mesmo este vídeo parece brincadeira de criança perto do resultado final. Daí para a frente, a Disney não parou mais. Não se passou nenhum mês sem que a casa do Mickey liberasse alguma novidade do filme. A campanha viral foi muito bem feita, levando o público a tentar desbloquear informações nos sites desenvolvidos para a divulgação. Mas não foi para falar de publicidade que eu vim aqui, então vamos ao filme.
“Tron: O Legado” é independente de seu antecessor. Na história, Kevin Flynn (Jeff Bridges, oscarizado este ano) é o presidente da Encom, empresa de tecnologia que ele conquistou no fim de “Tron”. Uma noite ele sai de casa e desaparece, deixando para trás seu filho, Sam (Garrett Hedlund). 20 anos depois, Adam Bradley (Bruce Boxleitner, reprisando o papel que teve no filme de ‘82) recebe um bip do Flynn mais velho e dá a Sam a chave do fliperama que pertencia a seu pai. Lá, ele encontra o computador em que Kevin trabalhava todas as noites e acaba sendo transportado para a Grade, o ambiente virtual criado pela personagem de Bridges.
Este mundo repleto de jogos de vida ou morte, gladiadores, motos de luz e guerras de disco é controlado por Clu (o próprio Bridges, 30 anos mais jovem), programa criado por Flynn para viver em busca de um mundo perfeito. O problema é que os humanos estão longe da perfeição, e isto fez com que Clu se voltasse contra seu criador e o impedisse de chegar ao portal para a realidade antes que ele se fechasse. E mais que uma simples rivalidade, Clu quer vir, com seus seguidores, para o mundo real. Se os humanos podem entrar na Grade, por que os programas não podem sair?
Começa então uma aventura em que pai e filho lutarão ao lado da aliada Quorra (Olívia Wilde) para salvar suas vidas, alcançar o portal, mais uma vez aberto pela entrada de Sam, e manter o vilão Clu e seus programas malignos longe da passagem.
O roteiro não é digno de premiações. Tem um enredo relativamente simples (apesar de um final inesperado para um filme da Disney), mas consegue explorar bem a personalidade de cada personagem, tornando-as críveis até para o mais indiferente dos telespectadores. Mas se o roteiro deixa a desejar, toda a parte técnica é digna do Oscar.
A direção de arte e os efeitos visuais são incríveis. Simplesmente não dá para diferenciar os cenários que realmente foram construídos daqueles criados por computação gráfica. As linhas retas do filme anterior ganharam curvas, deixando o visual mais suave. Os jogos a que os programas são submetidos vão deixar qualquer fã de videogames de queixo caído. A guerra de discos (com direito a alteração da gravidade) é emocionante e a corrida das lightcycles (motos que deixam um rastro de luz), em uma arena transparente e cheia de níveis distintos, é de tirar o fôlego. E se estas cenas são impactantes, a perseguição com lightjets (são como as motos de luz, mas aviões) faz elas parecerem brincadeira de criança. Os efeitos sonoros são perfeitos e a trilha sonora, composta pela consagrada dupla francesa Daft Punk, é uma mistura da música sinfônica que estamos acostumados a ver em todos os filmes com batidas eletrônicas, criando algo que soa familiar e diferente ao mesmo tempo e funciona muito bem com o visual do filme e seu ritmo. O figurino também é de deixar embasbacado. Todo mundo vai sair do cinema querendo usar as roupas que vestem as personagens.
A técnica de rejuvenescimento que aliou maquiagem e sensores de movimento (como os usados para criar os na’vi em “Avatar”) para devolver a Bridges e Boxleitner seus rostos de quase 30 anos atrás é surpreendente. Nos primeiros minutos do filme, dá um certo incômodo. Apesar da altíssima qualidade gráfica, sentimos aquela pontada de desconfiança que nos diz que aquilo não é humano, mas esta sensação logo passa. Kevin Flynn e Adam Bradley jovens, Clu e Tron são o mais perto que o cinema já chegou de criar um ser humano (mesmo que estes dois sejam programas) inteiramente com computação gráfica.
O 3D não tem comparações. Desde “Avatar”, vimos (salvo algumas animações) filmes que foram convertidos para este formato, resultando em um 3D pobre e decepcionante. “Tron: O Legado” foi todo filmado com câmeras especiais para o formato e isto deu ao filme uma qualidade tridimensional surpreendente. A experiência de imersão é completa, até melhor que a do filme de James Cameron, ouso dizer. Assim como “Tron” foi um marco do cinema por ser o primeiro filme da história a usar tantos efeitos computadorizados, “Tron Legacy”, junto com “Avatar”, pode marcar o fim da era em que simplesmente assistíamos aos filmes. Agora, entramos neles e tudo se desenvolve ao nosso redor.
Todo o elenco convenceu em seus devidos papeis. Choveram críticas dizendo que Hedlund atuou de forma rasa, mas ele foi bem convincente. É tudo parte do jeito de Sam. Wilde dá um show como a empolgada e curiosa Quorra, que parece uma criança animada, apesar de algo que aconteceu em seu passado. Bridges começa como um Flynn mais maduro e sério, mas logo nos presenteia com a personalidade divertida que deu à personagem no filme oitentista – e ele também dá uma aula de atuação ao encarnar Clu, que é uma tempestade de diferenças e semelhanças com Flynn. Mas se alguém deve ser indicado a um Oscar de atuação, é Michael Sheen. Sua interpretação de Castor, o excêntrico e imprevisível dono da boate Fim da Linha é sensacional. Beau Garrett também está confortável na pele de Gem, uma das sereias que preparam os gladiadores para os jogos. E até o próprio Daft Punk faz uma ponta no filme, como os DJs da Fim da Linha.
Gem e Castor na Fim da Linha


Resenha de Pinho. Disponível em http://www.namelessproject.com/2010/12/18/resenha-tron-o-legado/


“Tron: O Legado” é um dos melhores filmes de 2010 e tem tudo para se tornar um clássico contemporâneo. A experiência proporcionada vale o ingresso do cinema, mesmo que o 3D seja tão caro. Vai ter muita gente – como eu, aliás – saindo da sessão com gostinho de quero mais.

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